A educação a distância, que sempre teve tíquete-médio baixo, volta a ser opção neste momento em que a crise afetou a renda, e as condições do Fies para o aluno se deterioraram.
A nova movimentação de fusões e aquisições nosetor do ensino superior privado pode pressionar os valores das mensalidades, segundo especialistas.
Nos últimos dias, a Kroton, líder do setor, e a Ser Educacional, uma das dez maiores, tornaram públicos seus interesses em se juntarem à fluminense Estácio.
Uma pesquisa de maio do departamento de estudos econômicos do Cade conclui que, embora os ganhos de escala permitam redução de custos, essa queda só será repassada ao consumidor na forma de diminuição de preços se, após a fusão, o mercado "mantiver níveis razoáveis de rivalidade e possibilidade de entradas suficientes para estimular a concorrência e a distribuição".
O setor registrou um aumento significativo nos preços a partir de 2011 e que se intensificou, segundo William Klein, da Hoper, por dois fatores: a euforia da economia brasileira registrada nos últimos anos pelos incentivos do governo e o Fies, que levou muitas pessoas que estavam fora da educação a buscar um curso superior.
"As instituições souberam trabalhar o marketing muito bem para inserir a maior quantidade de alunos no Fies. Na virada de 2014 e 2015 a crise começa a afetar os preços na outra direção, além das mudanças nas regras do Fies", diz Klein.
FUSÕES NA EDUCAÇÃO
Os principais movimentos de fusões e aquisições realizados entre 2007 e junho de 2016 no mercado de ensino superior brasileiro totalizaram 173 negócios com volume em torno de R$ 13,77 bilhões, conforme levantamento da CM Consultoria, especializada no setor.
A evolução do mercado de educação superior se deu em um período muito curto. De acordo com levantamento do departamento de estudos econômicos do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), 80% dos atos de concentração ocorreram entre 2008 e 2013.
A princípio, os movimentos de consolidação das empresas do setor não deram sinais de que poderiam prejudicar o ambiente concorrencial, mas, conforme o levantamento, "à medida em que se avolumaram, as análises tornaram-se mais complexas, demandando maior aprofundamento em temas como barreiras à entrada e rivalidade."
Fonte: Folha de São Paulo.